Ninguém passa pela jornada terrestre sem experimentar o cerco da ignorância e da imperfeição humana.
Considerado
como planeta-escola, o mundo físico é abençoado reduto de aprendizagem,
no qual são exercitados os valores que dignificam, em detrimento das
heranças ancestrais que assinalam o passado de todas as criaturas, no
seu penoso processo de aquisição da consciência.
Herdando as
experiências transatas nos seus conteúdos bons e maus, por um largo
período predominam aqueles de natureza primitiva, por estarem mais
fixados nos painéis dos hábitos morais, mantendo os instintos
agressivos-defensivos que se vão transformando em emoções, prioritamente
egoicas, em contínuos conflitos com o Si-mesmo e com todos aqueles que
fazem parte do grupo social onde se movimentam. Inevitalmente, as
imposições inferiores são muito mais fortes do que aquelas que
proporcionam a ascensão espiritual, liberando o orgulho, a inveja, o
ressentimento, a agressividade, o despotismo, a perseguição, a mentira, a
calúnia e outros perversos comportamentos que defluem do ego
atormentado.
Toda vez, quando o indivíduo se sente ameaçado na sua
fortaleza de egotismo pelos valores dignificantes do próximo, é dominado
pela inveja e investe furibundo, atacando aquele que supõe seu
adversário.
Porque ainda se compraz na situação deplorável em que se
estorcega, não deseja permitir que outros rompam as barreiras que
imobilizam as emoções dignas e os esforços de desenvolvimento
espiritual, assacando calúnias contra o inimigo, gerando dificuldades ao
seu trabalho, criando desentendimentos em sua volta, produzindo
campanhas difamatórias, em mecanismos de preservação da própria
inferioridade.
Recusando-se, consciente ou inconscientemente, a
crescer e igualar-se àqueles que estão conquistando os tesouros do
discernimento, da verdade, do bem, transforma-se, na ociosidade mental e
moral em que permanece, em seu cruel perseguidor, não lhe dando trégua e
retroalimentando-se com a própria insânia.
Torna-se revel e não
aceita esclarecimento, não admitindo que outrem se encontre em melhor
situação emocional do que ele, que se autovaloriza e se autopromove,
comprazendo-se em persegui-lo e em malsiná-lo.
Ninguém consegue
realizar algo de enobrecido e dignificante na Terra sem sofrer-lhe a
sanha, liberando a inveja e o ciúme que experimenta quando confrontado
com as pessoas ricas de amor e de bondade, de conhecimentos e de
realizações edificantes.
A calúnia é a arma poderosa de que se
utilizam esses enfermos da alma, que a esgrimem de maneira covarde para
tisnar a reputação do seu próximo, a quem não conseguem equiparar-se,
optando pelo seu rebaixamento, quando seria muito mais fácil a própria
ascensão no rumo da felicidade.
A calúnia, desse modo, é instrumento
perverso que a crueldade dissemina com um sorriso e certo ar de vitória,
valendo-se das imperfeições de outros cômpares que a ampliam,
sombreando a estrada dos conquistadores do futuro.
Nada obstante, a
calúnia é também uma névoa que o sol da verdade dilui, não conseguindo
ir além da sombra que dificulta a marcha e das acusações aleivosas que
afligem a quem lhe ofereça consideração e perca tempo em contestá-la.
* * *
Nunca
te permitas afligir, quando tomes conhecimento das acusações mentirosas
que se divulgam a teu respeito, assim como de tudo quanto fazes.
Evita
envenenar-te com os seus conteúdos doentios, não reservando espaço
mental ou emocional para que se te fixem, levando-te a reflexões e
análises que atormentam pela sua injustiça e maldade.
Se alguém tem algo contra ti, que se te acerque e exponha, caso seja honesto.
Se
cometeste algum erro ou equívoco que te coloque em situação penosa e
outrem o percebe, sendo uma pessoa digna, que se dirija diretamente a
ti, solicitando esclarecimentos ou oferecendo ajuda, a fim de que
demonstre a lisura do seu comportamento.
Se ages de maneira incorreta
em relação a outrem e esse experimenta mal-estar e desagrado,
tratando-se de alguém responsável, que te procure e mantenha um diálogo
esclarecedor.
Quando, porém, surgem na imprensa ou nas
correspondências, nas comunicações verbais ou nos veículos da mídia,
acusações graves contra ti,sem que antes haja havido a possibilidade de
um esclarecimento de tua parte, permanece tranquilo, porque esse
adversário não deseja informações cabíveis, mas mantém o interesse
subalterno de projetar a própria imagem, utilizando-se de ti...
Quando
consultado pelos iracundos donos da verdade e policiais da conduta
alheia com a arrogância com que se comportam, exigindo-te defesas e
testemunhos, não lhes dês importância, porque o valor que se atribuem,
somente eles mesmos se permitem...
Não vives a soldo de ninguém e o
teu é o trabalho de iluminação de consciências, de desenvolvimento
intelecto-moral, de fraternidade e de amor em nome de Jesus, não te
encontrando sob o comando de quem quer que seja. Em razão disso,
faculta-te a liberdade de agir e de pensar conforme te aprouver, sem
solicitar licença ou permissão de outrem.
Desde que o teu labor não
agride a sociedade, não fere a ninguém, antes, pelo contrário, é de
socorro a todos quantos padecem carência, continua sem temor nem
sofrimento na realização daquilo que consideras importante para a tua
existência.
Desmente a calúnia mediante os atos de bondade e de perseverança no ideal superior do Bem.
Somente acreditam em maledicências, aqueles que se alimentam da fantasia e da mentira.
Alegra-te, de certo modo, porque te encontras sob a alça-de-mira dos contumazes inimigos do progresso
Todos
aqueles que edificaram a sociedade sob qualquer ângulo examinado,
padeceram a crueza desses Espíritos infelizes, invejosos e insensatos.
Criando
leis absurdas para aplicarem-nas contra os outros, estabelecendo dogmas
e sistemas de dominação, programando condutas arbitrárias e organizando
tribunais perversos, esses instrumentos do mal, telementalizados pelas
forças tiranizantes da erraticidade inferior, tornaram-se em todas as
épocas inimigos do progresso, da fraternidade que odeiam, do amor contra
o qual vivem armados...
Apiada-te, portanto, de todo aquele que se
transforme em teu algoz, que te crie embaraços às realizações
edificantes com Jesus, que gere ciúmes e cizânia em referência às tuas
atividades, orando por eles e envolvendo-te na lã do Cordeiro de Deus,
sedo compassivo e misericordioso, nunca revidando-lhes mal por mal, nem
acusação por acusação...
A força do ideal que abraças, dar-te-á
coragem e valor para o prosseguimento do serviço a que te dedicas, e
quanto mais ferido, mais caluniado, certamente mais convicto da
excelência dos teus propósitos, da tua vinculação com o Sumo Bem.
* * *
Como puderam, aqueles que conviveram com Jesus, recusar-Lhe o apoio, a misericórdia, a orientação?
Após
receberem ajuda para as mazelas que os martirizavam, como é possível
compreender que, dentre dez leprosos, somente um voltou para
agradecer-Lhe?
Como foi possível a Pedro, que era Seu amigo, que O
recebia no seu lar, que convivia em intimidade com Ele, negá-lO, não uma
vez, mas três vezes sucessivas?!
...E Judas, que O amava, vendê-lO e beijá-lO a fim de que fosse identificado pelos Seus inimigos naquela noite de horror?!
Sucede
que o véu da carne obnubila o discernimento mesmo em alguns Espíritos
nobres, e as injunções sociais, culturais, emocionais, neles produzem
atitudes desconcertantes, em antagonismos terríveis às convicções
mantidas na mente e no coração.
Todos os seres humanos são frágeis e podem tornar-se vítimas de situações penosas.
Assim,
não julgues a ninguém, entregando-te em totalidade Àquele que nunca Se
enganou, jamais tergiversou, e deu-Se em absoluta renúncia do ego, para
demonstrar que é o Caminho da Verdade e da Vida.
Médium: Divaldo Franco
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