Quando
se esperava que a cultura, a ética e a civilização alterassem o
comportamento do ser humano, mais se constata, na atualidade, o seu
imenso atraso moral, examinando-se-lhe a perversidade de que é portador,
que se lhe demora coberta pelo verniz social que desaparece quando as
paixões inferiores tomam-lhe conta do ego.
Mesmo
nos dias atuais de cibernética e comunicação virtual, de satélites que
pesquisam os espaços e daqueles que têm objetivos de espionagem,
repetem-se as cenas detestáveis de horror que prosseguem assinalando a
História.
Na
África negra, as rivalidades tribais continuam corroendo-lhe a
intimidade, assassinando centenas de milhares de vidas em guerras
intermináveis, como as das etnias tutsies e hutus, que são o resultado
de governança de ditadores desalmados que enriquecem demasiadamente
ceifando as existências de todos aqueles que não compactuam com a sua
tirania, algumas delas amparadas por civilizações progressistas de
outros continentes, que os exploram com os seus armamentos e artefatos
de destruição, bem como através do concurso da sua tecnologia e comércio
de quinquilharias em nome da modernidade...
Por
outro lado, povos infelizes como os curdos no Líbano, no Iraque e em
outros países são dizimados sistematicamente, conforme ocorreu com as
várias etnias que habitavam os Bálcãs nos lamentáveis dias da destruição
da poderosa Yugoslávia, organizada ferozmente numa falsa união pelo
ditador Tito...
A
interminável luta e os variados atentados entre judeus e palestinos, ao
lado das terríveis vinganças realizadas pelas organizações criminosas
que tomam a bandeira das liberdades políticas, organizando o terrorismo
de todo porte que destrói milhares de vítimas, cada vez mais
deploravelmente, como vem acontecendo em todo o mundo e, em particular,
no Afeganistão, na Índia, no Paquistão, nas Filipinas e em diversos
outros territórios, como a Chechênia...
Nas
prisões em que se encontram terroristas, como não há muito, no Iraque,
depois em Guantánamo, ou na Turquia e em inúmeros países ditos
civilizados, os métodos bárbaros para arrancar confissões, assim como
nas selvas da Colômbia com os sequestrados pelo narcotráfico, estarrecem
mesmo as pessoas denominadas de sangue frio.
O
exemplo insano, entretanto, encontra-se presente na destruição em massa
dos judeus e dos poloneses programada por Hitler, de um lado, e por
Stalin, de outro, deixaram marcas inapagáveis na memória dos tempos,
demonstrando que a barbárie independe de raça, cultura, nacionalidade ou
situação econômica, encontrando-se no cerne do Espírito que, de um para
outro momento, assume a sua brutalidade espalhando o terror e a
desgraça sobre as permanentes vítimas inermes, que são os demais seres
humanos.
Como
se pode imaginar que, somente no campo de extermínio de
Auschwitz-Birkenau, em menos de cinco anos foram assassinadas
maquinalmente um milhão e cem mil vítimas do ódio patológico dos
nazistas, sem qualquer motivo, como se motivo houvesse para tão insólita
calamidade!
Apenas
27 mil prisioneiros foram libertados pelos soviéticos no dia 27 de
janeiro de 1945, entre os quais, aproximadamente 500 crianças, embora os
criminosos houvessem de tudo feito para apagar as marcas hediondas dos
seus crimes, incendiando barracões e depósitos, para logo fugirem à
justiça...
A
façanha bárbara começava quando as vítimas chegavam ao campo e eram
iludidas, separadas dos seus familiares com a promessa de um novo
encontro, já que seriam encaminhadas para outros lares, voltando a
ver-se minutos antes do banho, quando eram obrigados a despir-se, a
cortar todos os cabelos por hábeis companheiros infelizes que os
precederam, humilhando-os e encaminhando-os para as câmaras de gás como
se fossem ser higienizados...
A
princípio, eram fotografados, fazia-se uma ficha, mas com a imensa
quantidade que diariamente chegava ao campo de extermínio, passaram a
ser numerados, perdendo a identidade, tatuados, para sempre coisificados
e detestados...
As
aberrantes experiências ditas científicas dirigidas pelo Dr. Mengele,
com anões e gêmeos, atingindo o máximo da rudeza, realizando cirurgias
sem qualquer anestesia ou assepsia, ou ainda infectando-os com doenças
contagiosas, a fim de verificarem os resultados e as possibilidades de
encontrarem terapêuticas, usando-os como cobaias humanas, extraindo-lhes
a pele e arrebentando-lhes os ossos, prosseguem chocantes quando todos
delas tomam conhecimento...
O
envenenamento era produzido pelo ZyKlon B e grãos de terra de silício,
por ser muito barato e anteriormente usado para exterminar ratos, era
derramado em gás por vinte minutos, assassinando 1.500 vítimas, após o
que eram abertos os tubos para a entrada de ar e a saída do tóxico,
sendo amontoados os cadáveres e atirados aos fornos pelos sobreviventes,
que seriam os próximos para a matança desenfreada.
A
farsa, muito bem urdida, exterminava os que sobreviviam dos campos de
trabalho forçado, pelo excesso de labor de oito horas com péssima
alimentação e promiscuidade de todo gênero, como se fossem animálias de
carga desprezíveis.
Dos
lares ou dos guetos de onde eram arrancadas as famílias e atiradas em
vagões de trens, sem vaso sanitário, totalmente fechados, em jornadas
que chegavam a duas semanas, caracterizava a técnica da crueldade,
porque um número expressivo já desencarnava por asfixia, por
enfermidades contraídas durante o percurso, ou porque, já enfermos, não
suportavam as condições desumanas a que eram submetidos.
No
começo, o ódio em Auschwitz era contra os poloneses intelectuais e
honoráveis, que repudiavam a invasão do seu país ocorrida em 1º de
setembro de 1939 pelos alemães e no dia 27 do mesmo mês pelos russos,
dividindo sua pátria entre as duas potências perversas e insanas.
Ao
aderir aos aliados, a Rússia perdeu a Polônia para os alemães que,
então, a transformaram no centro de sofrimentos e programações
criminosas.
A
cultura do ódio levou Hitler a dizer à sua Juventude nazista, que os
jovens deveriam ser impiedosos, exterminando todos os judeus e
poloneses, juventude que faria o mundo tremer pela sua crueldade,
hipnotizando-o de maneira jamais vista na História...
* * *
...e
Jesus que havia dito que todos nos amássemos, oferecendo-se em
holocausto espontâneo para demonstrar a grandeza do Seu sentimento por
todos nós, continuou velando pela sociedade enlouquecida, que vem
retornando através da bênção da reencarnação ao mesmo proscênio dos seus
horrorosos crimes, portadores de terríveis alienações mentais,
deformações orgânicas, cegueira e paralisia, mudez e idiotia, obsidiados
terrivelmente por algumas das suas vítimas extremosas, nos mesmos
sítios onde cometeram as arbitrariedades...
O
número espantoso dos criminosos que escaparam da justiça humana, de
aproximadamente 7.000 que participaram dos horrores nesses campos, deles
foram alcançados apenas 800, não conseguiram fugir à consciência nem às
determinações dos Soberanos Códigos, ora expiando e sofrendo as
conseqüências dos horrores impostos ao seu próximo.
Infelizmente
ainda existem aqueles que negam as atrocidades que foram cometidas em
centenares desses centros de horror, guetos ou campos de concentração,
aferrados às suas paixões e ódios entre oriente e ocidente, que vem
consumindo as nações desde os já longínquos dias das Cruzadas.
Raia,
lentamente, a hora nova de uma diferente sociedade, na qual o amor do
Cristo estará acima dessas hórridas conquistas de breve duração, que são
consumidas pelo tempo e os seus sicários vencidos pela morte, ensejando
a construção da sociedade melhor por intermédio das criaturas mansas e
pacíficas, que se resolverão por seguir o Divino Pastor.
Vianna de Carvalho.
Psicografia de
Divaldo Pereira Franco, na noite de 31 de maio de 2011 em Auschwitz,
Polônia, após a visita ao seu campo de extermínio e a conferência
proferida no Palácio da Cultura para estudantes da Universidade da
Terceira Idade.
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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Crueldade inimaginável
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