quarta-feira, 25 de abril de 2012

A pena de morte na visão Espírita

A criminalidade vem crescendo de maneira tão alarmante, que as famílias, na sua grande maioria, já não têm o sossego e a tranqüilidade necessária para se ausentar de seus lares para um passeio, ou ver os seus entes queridos saírem de casa para o trabalho sem se questionar se retornarão vivos ou ilesos.  Essa preocupação, como não poderia deixar de ser, faz com que a maior parte da população clame por uma urgente providência das autoridades, exigindo que uma efetiva segurança seja prontamente proporcionada a todos.
O delegado de polícia Isadino José dos Santos, apresentador do Programa Espiritismo e Segurança Pública na Rede Boa Nova de Rádio, fala à cerca da Pena de Morte, da lei humana e da lei divina. Assevera Isadino que uma das grandes preocupações da sociedade em todo o mundo, e mais especificamente no Brasil no que diz respeito à segurança pública, é o crescente aumento da violência.

RBN: O que os dirigentes no Brasil pensam sobre a pena de morte?
Isadino dos Santos: Em razão dessa exigência, diversas propostas vêm sendo apresentadas como solução para o problema, e, dentre elas, uma que tem causado muita polêmica, é a elaboração e legalização em nosso país, de uma lei que preveja a eliminação de todos os delinquentes considerados violentos e irrecuperáveis para a sociedade, os quais deverão ter suas mortes antecipadas, ou seja, a aplicação da pena de morte. Algumas pessoas, por incapacidade no aprofundamento do raciocínio, mesmo dizendo-se cristãs, mas, numa cabal demonstração de desconhecimento dos princípios éticos e morais, defendem essa drástica medida a ser tomada contra os criminosos, justificando que, por estarem agindo em nome da defesa social, os fins justificam os meios.

É a violência gerando violência... ?
O que vem a ser a violência senão o instinto animal remanescente no ser humano? Trata-se, portanto, de um impulso inconsciente que leva o indivíduo a romper todas as barreiras que se anteponha à satisfação de suas necessidades. Analisando a questão sob o ponto de vista cristão, vamos verificar que o raciocínio claro e não entenebrecido pelo ódio mostra que a violência deve ser eliminada do comportamento humano de qualquer maneira, mas jamais eliminando para isso o próprio ser humano. 
Isso, porém, não significa que o individuo que pratica delitos deva permanecer impune. Todo aquele que comete crimes, tem que responder pelos seus atos, ou seja, precisa ser temporariamente afastado da sociedade, até mesmo para evitar que continue reincidindo na prática delituosa, mas, essa medida há ser tomada através de punições justas e humanas, e que, apesar de lhe segregar do convívio social, a pena imposta venha lhe proporcionar condições para refletir, arrepender-se do mal que praticou, reparar o seu erro e depois de readquirir as condições necessárias, poder tornar a fazer parte da sociedade.

E como fica a Lei da Terra diante da Lei Divina?

Sabemos que a lei humana, de acordo com o que preceitua a Doutrina dos Espíritos, só poderá ser perfeita se tiver alicerçada nas leis naturais. Se um dos Mandamentos da Lei de Deus é “não matarás” fica patente que uma norma em que o Estado autoriza ceifar a vida de um dos seus elementos, jamais será perfeita, porque a vida é um patrimônio divino e, como tal deve ser preservada mesmo nos casos de punições mais severas, e assim sendo, não é dado ao homem o poder de conferir a outro o direito de matar o seu semelhante. Para o Espiritismo, portanto, a pena de morte nada mais é do que uma das inúmeras formas de destruição abusiva praticada pelo Estado, o qual, achando-se no direito de dispor da vida dos seus membros, coloca nas mãos dos seus órgãos o poder de matar, não para fazer justiça, mas sim como forma de vingança.

Qual a visão do Espiritismo diante da pena de morte?
A Doutrina Espírita nos assevera que não existe nenhum ser humano voltado unicamente para a prática do mal, todos têm algo de bom dentro de si, e, sendo assim, a conclusão que se tem é que não existem criminosos incorrigíveis, e sim, incorrigidos, todos, portanto são capazes de se emendar e progredir. Deus, na sua misericordiosa e infinita bondade, por intermédio da reencarnação concede ao espírito devedor a dádiva de reparar erros cometidos no passado através de provas e expiações. Nos dizeres do professor Bismael Moraes, matar o criminoso, ao invés de fazê-lo cumprir pena que lhe permitiria a reflexão e a correção de sua vida, é cortar-lhe a oportunidade de progredir; é um ato de vingança contrário a qualquer princípio cristão.
Desse modo, a partir do momento em que o homem, em nome de uma pretensa lei elaborada pelo próprio homem, ao invés de ajudar aquele espírito em expiação a se redimir, pretenda obrigá-lo a retornar compulsoriamente à espiritualidade, cerceando-o, assim, da possibilidade que lhe foi concedida pelo Criador de resgatar débitos anteriores, estará, também desrespeitando a lei divina.


texto do site rádio Boa Nova

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