Nestor Fernandes Fidelis*
Somos, de certa forma, responsáveis um
pelo outro, eis que na irmandade terrestre e na filiação divina todos
navegamos da mesma nau, cientes de que Jesus está no leme, mas o
trabalho individual é intransferível, sobretudo quanto à educação
religiosa.
Todas as religiões sérias merecem
nosso respeito, principalmente quando cumprem a missão primordial de
ligar a criatura ao Criador. Todavia, para muitas pessoas a religião é
representada por sistemas teológicos esdrúxulos, criados por pessoas
muito criativas para implantar o medo, a exploração dos fiéis, podendo
causar a loucura, e, não raro, pregando uma vitória que se consubstancia
apenas em aquisições de bens materiais ou na obtenção de vantagens em
relação ao seu próximo.
Na visão kardequiana, “a religião deve
produzir o maior número possível de homens de bem”. O Espírito Camilo,
por meio da psicografia de Raul Teixeira, no livro Educação e Vivências,
afirma que “a religião deve embelezar as almas, iluminar vidas, nortear
com segurança, sem ameaças e promessas de valor”. Por essa razão,
engana-se quem mede o valor de uma doutrina pelo seu número de adeptos
ou pela sua participação nos governos do mundo, o que nos remete à
advertência de Jesus, segundo a qual “nem todos os que dizem: ‘Senhor,
Senhor, entrarão no Reino dos Céus’(...)”, poisé fácil falar, trabalhoso
é se aprofundar nas lições e vivenciá-las.
Por isso é fundamental a evangelização
infantil, posto que as crianças que recebem tal benefício estão muito
mais bem equipadas para o constante processo de educação chamado vida,
com conquistas e reveses naturais e inevitáveis, pois possuem mais
resistências, como comprovam neurocientistas, no tocante à confiança e
coragem, e os cardiologistas, quanto à melhoria mais fácil e rápida de
pessoas que sofreram algum mal do coração, mas praticam a fé, com obras,
é claro.
Todo esforço e criatividade possíveis
devem ser levados a cabo, portanto, para transmitir aos nossos pequenos
tutelados a segurança do Evangelho de Jesus, porquanto as lições (assim
como as deseducações) recebidas na infância ficam marcadas na
consciência do ser humano por toda a existência, valendo considerar que o
período infantil na espécie humana é a maior dentre todos os seres,
justamente para que seja possível moldar o caráter neste período de
maior maleabilidade, segundo os exemplos dos pais e demais responsáveis,
cientes de que a educar é a arte de formar caracteres.
Neste sentido, é importante ter em
mente a observação de Santo Agostinho, contida na obra “O Evangelho
segundo o Espiritismo”: "lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe
perguntará Deus: ‘que fizestes do filho confiado à vossa guarda?’ Se por
culpa vossa ele se conservou atrasado, tereis como castigo vê-lo entre
os espíritos sofredores, quando de vós dependia que fosse ditoso."
Ora, sabemos que osencrenqueiros das
festas, as crianças revoltadas, drogadas, são aqueles seres confiados a
nossa guarda que são, ou foram,criados sem amor e religião, mas com
autoritarismo, barganha, ou excesso de liberdade. Quer nos parecer que
muitos pais somente fazem propaganda de seus filhos, os fantasiando de
lutadores orientais ou bailarinas e desfilando com os pequenos pelas
ruas, deixando, porém, de transmitir valores cristãos imperecíveis.
Aliás, vemos como um grave erro,ou desculpismo, deixar a criança crescer
para escolher, justamente pelo grande marketing religioso arrebatador
dos menos avisados, que ao invés de libertar consciências, escraviza e
torna a pessoa mais materialista.
Enfim, a evangelização começa na
convivência, no exemplo, na família, razão pela qual é necessário um
constante trabalho de autoevangelização em qualquer idade. Quando Jesus
diz “deixai vir a mim as criancinhas”, está se referindo a nós, filhos
de Deus, que para o Pai somos crianças espirituais, com tantos maus
hábitos por serem transmutados, más tendências por serem domadas e
transformadas em virtudes por meio do Amor e da compreensão da Caridade.
*Nestor Fernandes Fidelis é advogado em MT.
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