segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O dócil jumentinho


Francisco de Assis, ao se fazer o portador da mensagem do Cristo, em
plena Idade Média, estabeleceu para si mesmo regras extremamente
rígidas.

Seu objetivo não era fundar uma Ordem religiosa. Ele desejava
simplesmente servir ao próximo.

Necessitando ter liberação do Vaticano para que pudesse pregar nas
igrejas e nas estradas do mundo, Francisco se submete à exigência e
funda uma Ordem.

As regras que estabeleceu eram severas, onde, entre outras coisas,
não era permitido usufruir senão do estritamente necessário.

E, se ele criou as regras, era o primeiro a segui-las. Seu quarto
parecia uma cela, sem conforto algum.

Para cobrir o corpo, ele usava um tecido áspero, em forma de
túnica, com uma corda na cintura, à guisa de cinto.

O tecido era o desprezado pelos mercadores da cidade de Assis, pois
era aquele usado como embalagem das fazendas, sedas e veludos que
adquiriam para o comércio.

Para as refeições, Francisco era extremamente frugal,
alimentando-se um pouco menos que o necessário. Até mesmo porque
pensava sempre nos outros, antes que em si mesmo e nas suas
necessidades e satisfações pessoais.

Certo dia, estando a meditar, compareceu Frei Leão, um de seus mais
próximos companheiros. Ele dizia que tinha um problema e desejava o
auxílio de Francisco para a solução.

Pai Francisco, começou, eu conheço uma pessoa que tem um
jumentinho. Ele é muito frágil, magro, doente.

Apesar disso, seu dono não o alimenta bem e exige muito dele.

Ele monta no animal e exige ser carregado? Perguntou Francisco.

Sim, pai Francisco. O pobre animal mal se aguenta em pé e o dono lhe
exige isso e muito mais. Não tem piedade para com ele. Diga-me, que
devo dizer a esse homem?

Francisco era conhecido por amar os animais. Mais de uma vez, em
descobrindo que alguém apanhara uma lebre em armadilha, ele a
comprava para a libertar.

Em festividades religiosas, jamais esquecia que os animais deveriam
ser brindados com rações extras. Fossem animais domésticos ou os
pássaros livres, que enchiam os ares.

Então, respondeu a Frei Leão:

Que maldade! Pois traga-me esse homem e eu falarei com ele.
Dir-lhe-ei como se deve tratar os animais.

Frei leão docemente, esclareceu:

Pai Francisco, é você o dono do jumentinho. Seu corpo é o
jumentinho que o leva a todo lugar e não está sendo bem tratado.

Embora hierarquicamente ele fosse o superior, o líder de todo o
grupo, humildemente, respondeu Francisco:

Verdade, Frei Leão? Eu faço isso com meu corpo? Trato-o tão mal
assim?

E, ante a afirmação do companheiro, Francisco ali mesmo se ajoelhou
e orou:

Meu doce jumentinho, me perdoe. Nem percebi que estava a tratar tão
mal a você, de quem dependo para realizar minha obra.

Perdoe-me. Terei mais cuidado, daqui em diante.

* * *

A narrativa nos leva a nos perguntarmos: Estamos tratando bem nosso
corpo?

Tem sido adequada a alimentação? Temos lhe permitido o repouso
devido e temos atendido às suas dores?

Pensemos nisso: nosso doce jumentinho é nosso instrumento de
trabalho na Terra. Amemo-lo. Atendamo-lo.

Redação do Momento Espírita.

Em 04.10.2010.

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